Restauro das Asas do Anjo Tocheiro

Outubro / 2014
CENTRO TÉCNICO TEMPLO DA ARTE






Processo de restauração da Asa do Anjo Tocheiro (bloco esquerdo) em gesso contemporâneo de propriedade do Centro Técnico Templo da Arte, com consolidação de fragmentos e consolidação estrutural, preenchimento de lacunas de profundidade e superfície, e reintegração de douração.





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Restauração da asa do Anjo Tocheiro

Proprietário: Centro Técnico Templo da Arte
Supervisão: Prof. Titina Corso
Restauradores:  Ana Carmen Gomes
      Bianca Azevedo
      LuisaFruchtengarten
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Ficha Técnica

Número de registro: 001/2014
Objeto:Bloco de escultura (asa), peça em gesso com douração.
Título: Asa de imagem de Anjo Tocheiro – bloco esquerdo
Autor: Desconhecido
Época: contemporânea (2013 ou 2014)
Técnica: Gesso e douração com ouro falso
Dimensões: 15 x 50 cm
Procedência: São Paulo – SP
Propriedade: Centro Técnico Templo da Arte
Supervisão: Prof. Titina Corso
Restauradores responsáveis: Ana Carmen Gomes
                                Bianca Azevedo
                                Luisa Fruchtengarten
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Descrição

Asa pertencente à imagem contemporânea de Anjo Tocheiro (bloco esquerdo), em gesso com douração falsa, avariada devido à queda.




Diagnóstico e Estado de conservação

Objeto partido provavelmente devido à queda. Composta por sete fragmentos maiores e diversos fragmentos menores. Os fragmentos apresentam desgastes devido a manuseio, sinais de tentativa de restauro anterior, peça estrutural interna em metal aparente e estrutura metálica para encaixe solta. A douração acompanha os danos sofridos pela queda, além de apresentar oxidação e desgastes por atrito.

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Material recebido

1 - Fragmento em gesso, medindo 20 x 14 cm, pertencente à base da asa, região pela qual o bloco é encaixado à sua escultura de origem. Esse fragmento apresenta pedaços de bambu não originais inseridos, claramente provenientes de tentativa de restauro anterior;

2 - Fragmento em gesso, medindo 8 x 5 cm, pertencente à parte traseira da base da asa;

3 - Fragmento em gesso, medindo 7 x 5 cm, pertencente à região intermediária entre a base e o centro da asa;

4 - Fragmento em gesso, medindo 15 x 12,5 cm, pertencente à região central da asa;

5 - Fragmento em gesso, medindo 9 x 16 cm, pertencente à ponta da asa, com estrutura interna em metal aparente;

6 - Fragmento em gesso, medindo 3 x 6 cm, pertencente à parte interna superior da ponta da asa;

7 - Fragmento em gesso, medindo 3 x 2, pertencente à parte interna inferior da ponta da asa;

8 - Estrutura metálica de encaixe do bloco à peça de origem (Anjo Tocheiro);

9 - Diversos fragmentos menores.






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Proposta de intervenção:


- Remoção de intervenções posteriores;

- Fixação da estrutura metálica original de encaixe;

- Junção dos fragmentos maiores, por meio de consolidação estrutural da peça, através da instalação de tarugos internos e grampos externos, por procedimento não reversível;

- Reintegração dos fragmentos menores;

- Preenchimento de lacunas de profundidade e lacunas de superfície;

- Reposição e reintegração da douração;

- Aplicação de verniz protetor.



Justificativa:

- A remoção de intervenções posteriores se faz necessária uma vez que as intervenções não foram bem sucedidas, não podendo ser aproveitadas para o restauro da peça;

- A estrutura metálica original de encaixe não estava danificada, não havendo necessidade de reposição;

- Para a consolidação das peças o restauro por procedimento reversível não se faz necessário, uma vez que se trata de uma restauração estrutural, não há justificativa para uma posterior remoção. Há a necessidade de instalação de tarugos e grampos para manter a estabilidade da peça, evitando assim futuras fraturas.

- A reintegração dos fragmentos menores é proposta para que se mantenha a maior parte possível de fragmentos originais da peça;

- O preenchimento das lacunas é imprescindível para a manutenção da integridade visual da peça;

- Por não se tratar de uma peça de museu, e sim de uma peça de estudo, a reintegração da douração será feita através de uma nova douração.

- A aplicação de verniz protetor se faz necessária para que não haja danos futuros por manuseios ou oxidação da douração.
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Embasamento Teórico


Cesare Brandi tinha uma filosofia que deixaria muitos restauradores furiosos, pois dizia que apenas se restaura sem intervir, modificar ou fazer o falso artístico da obra. Intervindo o mínimo possível, mantendo o original, conservando a autenticidade da obra e as reintegrações sendo todas possíveis de se ver. No restauro da asa foram esses fundamentos usados para poder realizar todas as intervenções, principalmente na parte traseira da asa onde as intervenções são todas bem perceptíveis. 




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DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA E DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS REALIZADOS





Supervisão: Prof. Titina Corso
Restauradores responsáveis: Ana Carmen Gomes, Bianca Azevedo e LuisaFruchtengarten

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1 – Fixação da estrutura metálica e remoção de intervenção anterior;









 - A fixação da estrutura metálica foi feita com adesivo capilar 493 aplicado cautelosa e integralmente. Após a secagem, foi aplicado adesivo 496 em toda a extensão da junção para garantir a fixação da estrutura;

-  A remoção das estruturas de madeiras resultantes de tentativa de intervenção anterior foi feita pelo corte na base das estruturas, com a utilização de um alicate de precisão de corte. As estruturas foram cortadas, pois não havia possibilidade de remoção total sem o risco de maiores avarias na peça.



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2 – Consolidação dos fragmentos 1 e 2 e preenchimento de lacuna de profundidade;









- A união dos fragmentos 1 e 2 foi feita através da aplicação dos adesivos capilares 493 e 496 em a toda a extensão da fissura;

- Após a união dos fragmentos ficou uma grande lacuna de profundidade causada pela própria queda do objeto ou por desgaste devido a manuseio. O preenchimento dessa lacuna foi feito com gesso matéria e massa para nivelamento (massa de mowiol) na superfície.

- Foram acrescentados dois grampos externos para garantir a estabilidade dessa união. Duas marcas foram feitas para indicar o comprimento dos nichos.

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3 – Colocação de grampos externos na base da asa;




- Após a fixação da estrutura metálica e consolidação dos fragmentos 1 e 2, dois grampos externos foram inseridos na parte traseira da peça para aumentar a estabilidade e fixação dos elementos.
- Canais foram abertos para receber os grampos esculpidos em bambu. Depois de posicionar os grampos, adesivos capilares 493 e 496 foram aplicados para a fixação. Depois da secagem dos adesivos, uma mistura de gesso e adesivo PVA foi aplicada sobre os grampos para finalizar sua fixação.

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4 – Consolidação do fragmento 3;






- Para a consolidação do fragmento 3, foram instalados dois tarugos (pinos esculpidos em bambu) internos para fixação;

- Para fixação dos tarugos, primeiramente foram abertos dois orifícios no fragmento 3, então, com o auxílio de tinta de aquarelas, a localização desses orifícios foi marcada na peça que receberia o fragmento. Os pinos foram fixados no fragmento 3 com os adesivos 493 e 496.

- Os orifícios na peça três foram preenchidos com uma mistura de gesso e adesivo PVA, e as duas peças foram unidas;

- Após a união, as colas 493 e 496 foram aplicados pontualmente na fenda entre as peças. Após secagem de 24h, os foram aplicadas novamente em toda a extensão da fenda.


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5 – Consolidação da base e da parte central do objeto;






- Para a consolidação desses dois fragmentos foram instalados quatro tarugos internos. Pelo tamanho das peças, acreditamos que o número de pinos instalados seja suficiente para uma boa estruturação.

- Após a fixação das peças, foram aplicados os adesivos 493 e 496 pontualmente na fenda entre as peças. Após a secagem de 24 horas, foram aplicados novamente em toda a extensão da fenda.

- Foi inserido um quinto tarugo na parte oposta à junção deste bloco à base da asa, que foi usado para a fixação da ponta da asa. Esse tarugo foi inserido de maneira a complementar a fixação produzida pela estrutura metálica original já existente na peça correspondente à ponta da asa.

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6 – Instalação de grampos externos;





- Após a fixação da base com a parte central do objeto, cinco grampos externos foram inseridos na parte traseira da peça para aumentar a estabilidade e fixação dos elementos.
- Canais foram abertos para receber os grampos esculpidos em bambu. Depois de posicionar os pinos, adesivos capilares 493 e 496 foram aplicados para a fixação dos mesmos na peça.

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7 – Consolidação dos fragmentos 6 e 7 ao fragmento 5;







- Para a consolidação dos fragmentos 6 e 7 foram utilizados dois tarugos internos, um para cada fragmento. O procedimento realizado foi o mesmo utilizado anteriormente, ou seja, foram utilizados adesivos capilares 493 e 496 e uma mistura de gesso e adesivo PVA para a fixação dos tarugos, e adesivos capilares 493 e 496 para a consolidação das peças.

- Antes da consolidação do fragmento 7, foi necessária a abertura de um orifício para a fixação da peça por meio de já existente na parte central do objeto.



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8 – Consolidação do fragmento 5(ponta da asa);






- A consolidação da ponta da asa foi feita através da estrutura interna original existente na peça e através do tarugo de fixação já inserido na peça central da asa. Adesivos capilares 493 e 496 e uma mistura de gesso e adesivo PVA foram utilizados para a fixação do tarugo e da estrutura original existente e consolidação desses blocos.

- Após a fixação das peças, foram aplicados os adesivos capilares 493 e 496 pontualmente na fenda entre as peças. Após a secagem de 24 horas, foram aplicados novamente em toda a extensão da fenda.



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9 – Colocação de grampos externos;




- Após a fixação da ponta da asa com a parte central do objeto, dois grampos externos esculpidos em bambu foram inseridos na parte traseira da peça para aumentar a estabilidade e fixação dos elementos.
- Canais foram abertos para receber os pinos. Depois de posicionar os pinos, adesivos capilares 493 e 496 foram aplicados para a fixação dos mesmos.

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10 – Preenchimento de lacunas;





- Após a união de todas as peças, as lacunas foram preenchidas com uma mistura de gesso e adesivo PVA na sua profundidade e com massa de nivelamento na superfície.










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11 – Nivelamento, limpeza e impermeabilização;




- O nivelamento da massa de mowiol foi feito de maneira a acompanhar os relevos da peça, de forma a manter sua integridade visual. Para o nivelamento foram usados ispos levemente umedecidos em água destilada. Após o nivelamento, as partes niveladas foram lixadas com lixa fina.

- A limpeza foi executada com isopos de algodão e água destilada para remover sujidades superficiais, assim como os resíduos da massa de nivelamento.

- Após o nivelamento e limpeza, a massa foi impermeabilizada pela aplicação de verniz Damar. Neste caso o veriz utilizado foi o da marca Maimeri.
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12 – Reposição da douração (frente);




- A reposição das lacunas de superfície mais extensas existentes na douração da parte frontal da asa causadas por manuseio e atrito foi feita a través de uma nova douração, assim como a reposição sobre as regiões preenchidas pela massa de nivelamento.

- A reintegração das lacunas de superfície menores foi feita através de preenchimento com guache por tratégio.

- Para a reposição da douração foram usados verniz mordente Mixtion e folhas de ouro falso e para a reintegração da douração por preenchimento com guache foi usado o guache da marca Talens Extra Fine Light Gold 802.
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13 – Reposição da douração (verso);





- Assim como a reposição das lacunas na parte frontal da asa, a reposição das lacunas de superfície mais extensas existentes na douração da parte traseira da asa causadas por manuseio e atrito e a reposição sobre as regiões preenchidas pela massa de nivelamento foram feitas través de uma nova douração.

- A reintegração das lacunas de superfície menores foi feita através de preenchimento com guache por tratégio.

- Para a reposição da douração foram usados verniz mordente Mixtion e folhas de ouro falso e para a reintegração da douração por preenchimento com guache foi usado o guache da marca Talens Extra Fine Light Gold 802.



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PROCEDIMENTOS À REALIZAR








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14 – Ajuste de tonalidade;
  



- Devido processo de oxidação já sofrido na douração da asa, as reintegrações feitas por nova douração não apresentam a mesma tonalidade da douração existente. Por esse motivo, será necessário um ajuste de tonalidade na douração recém-aplicada. Esse ajuste de tonalidade será feito através de tratégio com guache.

- O ajuste das tonalidades é imprescindível para que se mantenha a integridade visual da peça, porém é importante que as intervenções sejam minimamente visíveis.



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15 – Aplicação de verniz de proteção;


 

- Depois de finalizadas as intervenções, uma camada de Paraloid será aplicada para a proteção da peça. O verniz é aplicado para que o processo de oxidação seja interrompido, e para que não haja mais nenhum dano ao objeto provocado por eventuais manuseios ou atrito.




















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Procedimentos realizados:

- Remoção de intervenções posteriores;

- Fixação da estrutura metálica original de encaixe;

- Consolidação dos fragmentos fraturados, pela instalação de 9tarugos internos e 9 grampos externos;

- Preenchimento e nivelamento de lacunas de profundidade e lacunas de superfície;

- Impermeabilização da massa de nivelamento;

- Limpeza;

- Reposição e reintegração da douração;

- Ajuste de tonalidade (à realizar)

- Aplicação de verniz protetor (à realizar)

Materiais utilizados:

- Gesso cré;

- Adesivos capilares 493 e 496;

- Adesivo PVA;

- Bambu;

- Massa de nivelamento (base mowiol);

- Lixa;

- Verniz mordente Mixtion e folhas de ouro falso;

- Verniz Damar;

- Guache Maimeri;

- Paralóid.





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CONSIDERAÇÕES FINAIS



- Como já havia sido feito um projeto de intervenção anterior, as peças estavam numeradas de acordo com a ordem proposta pela equipe previamente responsável pelo projeto.

- Pela analise desta equipe, chegamos à conclusão de que a ordem proposta anteriormente para a realização das intervenções não era a mais eficaz, pois indicava que as consolidações seriam iniciadas a partir da ponta da asa (fragmento 5). Decidimos começar pela parte oposta (fragmento 1), bloco que corresponde à base da asa. Constatamos que dessa maneira teríamos maior estabilidade para a realização das intervenções de consolidação estrutural, uma vez que a base da asa se mostrava mais estável do que a ponta da asa, nos possibilitando maior segurança no manuseio.

- Não foi possível a identificação da posição dos fragmentos menores, dessa maneira, as peças restantes deverão ser entregues ao proprietário do objeto devidamente acondicionadas.


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